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Autores e Obras

03/10/2015

SUÍTE DE MÚSICAS CHINESAS
Boas novas de Pequim

Composta por Zheng Lu e Ma Shanghai Hongye, esta peça descreve uma cena jubilosa, na qual as pessoas de uma vila na fronteira estão exultantes com as boas notícias transmitidas que chegam de Pequim. A sonora melodia mostra um grande impulso, como se ecoasse através das montanhas. Em seguida a música se torna mais vibrante, com ritmos afiados, mostrando as magnificas danças grupais com jovens animados e meninas alegres. A melodia é vívida e divertida do começo ao fim.

Flor Jasmim

Trata-se de uma melodia popular da etnia Han, amplamente divulgada, mas com muitas versões diferentes variando entre regiões, entre as quais, a versão em Jiangsu e Zhejiang tem a maior reputação. O compositor italiano Giacomo Puccini adaptou esta canção folclórica em sua ópera Turandot, fazendo a melodia famosa no mundo. A música revela o charme de Jiangnan, tão simples, graciosa e bonita, em seu ritmo constante, elegante melodia e suaves harmonias. O compositor Li Wenping escreveu a versão orquestral.

Melodia do Bambu roxo

Com arranjo de Bao Yuankai, é uma interessante e expressiva canção de amor derivada de uma canção popular de mesmo nome. O compositor Bao Yuankai fez a versão orquestral, simulando o som do erhu, flauta de bambu e guzhen (instrumentos tradicionais chineses) mostrando a delicada graça dos acordes de sopros de Jiangnan.

Corrida de cavalos

Corrida de cavalos é o solo de erhu criado pelo famoso compositor chinês Huang Haihuai em 1959, exibindo cenas de corridas de cavalos em festivais na pradaria do interior da Mongólia. Demonstra vividamente as cenas de corrida e os sons de cascos batendo com habilidade. A lírica melodia e o dinâmico ritmo geram uma onda de emoção e saudade pela grande e fantástica pradaria do interior da Mongólia. Renchang Fu fez o arranjo para orquestra de cordas, mostrando a magnífica exuberância de dez mil cavalos a galope numa atmosfera jubilosa de festival.

(Obs: Texto fornecido pelo regente)


WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756-Viena, 1791)
Concerto para Flauta, Harpa e Orquestra em Dó maior. K. 299

Durante uma estada em Paris de março a setembro de 1778, Mozart perdeu de forma trágica sua mãe que o acompanhava na viagem. Apesar de estar bastante abalado continuou sua turnê naquela cidade, a mesma que cerca de quinze antes o havia acolhido com entusiasmo. Era então o menino-prodígio, mas agora, aos vinte e dois anos, isso já não representava muito e sua presença não repercutiu da mesma maneira.

Mesmo assim recebeu algumas encomendas, incluindo uma apresentação no Concert Spirituel, instituição pioneira na realização de concertos públicos. A reação do público foi boa, mas nada a ver com o entusiasmo de anos atrás. Através do Barão von Grimm, Mozart foi apresentado às diversas famílias da nobreza e numa dessas ocasiões conheceu o Duque de Guines (1735-1806), que Mozart descreveu ao pai como um “inesquecível flautista”. Também teceu elogios à sua filha, Marie-Louise-Filipina (1759-1796), uma “magnífica harpista”.

Em pouco tempo estava dando aulas de composição à filha do Duque, mas parece que a moça não era muito dotada e Mozart tratou logo de encerrar as aulas, pois, como assinalou em correspondência ao pai, a jovem era “preguiçosa e estúpida”. Sem saber da opinião que Mozart tinha de sua filha, o aristocrata encomendou um concerto para seus instrumentos. Não se sabe se por preguiça ou excesso de trabalho, Mozart resolveu escrever apenas um concerto que englobasse os dois instrumentos.

Já no mês de abril completou o Concerto em Dó Maior para Flauta e Harpa, mas após quatro meses o compositor ainda não havia recebido o pagamento pelo trabalho e Mozart reclamou ao pai em 31 de julho: “O duque de Guines tentou pagar-me apenas uma aula, quando eu tinha dado duas e o fato é que ele recebeu meu concerto para flauta e harpa há quatro meses e ainda não me pagou.” Ao que tudo indica o Duque nunca pagou pelo concerto e não há indícios de que pai e/ou filha tocaram esta peça.

O concerto é dividido em três movimentos, sendo o primeiro Allegro no qual se destaca a variedade de texturas e contrastes. O segundo, Andantino, dentro dos padrões dos concertos clássicos, é mais lento e bastante lírico. Aqui é maior o espaço para os solistas, com a orquestra fazendo um discreto acompanhamento. O último movimento é um Rondó bastante animado, que faz jus aos demais concertos de Mozart.

É interessante notar que Mozart nunca escreveu outra peça para harpa, talvez porque este instrumento ainda era pouco utilizado como solista no século XVIII, o que será mais comum no século XIX, quando o som etéreo do instrumento foi bastante apropriado para a expressão musical do romantismo. Outro detalhe da obra é que Mozart não escreveu as tradicionais cadenzas, momentos reservados para que o solista possa exibir seus dotes. Alguns acreditam que isto se deva ao fato de que os Guines não eram dotados o suficiente para tal. Já o musicólogo Alfred Einstein acredita que cadenzas foram escritas, mas se perderam. Algumas cadenzas elaboradas por outros músicos foram agregadas ao concerto, mas em geral os instrumentistas preferem a de Carl Reinecke, que seria mais próxima ao estilo de Mozart.


ANTONIN DVOŘÁK (Nelahozeves, 1841 - Praga, 1904)
Sinfonia nº 9 em Mi Menor, Op. 95º - Do Novo Mundo

Dvořák escreveu a sua nona e última sinfonia durante uma temporada que passou em Nova York entre 1892-93, durante a qual foi diretor do Conservatório Nacional de Música. O subtítulo “Do Novo Mundo” foi agregado apenas na estreia da obra, que ocorreu no Carnegie Hall em dezembro de 1893 com a Orquestra Filarmônica de Nova York.

Desde que veio a público houve controvérsias sobre a procedência dos temas utilizados; alguns ouvintes localizaram fragmentos de canções norte-americanas como “Swing Low, Sweet Chariot”, “The little Alabama” ou “Yankee Doodle”, entre outras. Entretanto o próprio Dvořák negou esse procedimento, afirmando que todos os temas são de sua autoria, mas incorporam características da música indígena e afro-americana. Como exemplo, o tema apresentado pelo corne inglês no segundo movimento, que pode bem sugerir um spiritual, já havia sido escrito anteriormente para uma ópera baseada no poema épico “A canção de Hiawatha” de Henry Wadsworth Longfellow, que nunca foi concluída. Este tema foi inspirado em uma cena de funeral e o tema do Scherzo por uma dança dos índios Pau-Puk-Keewis durante um casamento.

Dvořák estabeleceu diversas relações entre os movimentos com temas do primeiro (Adágio-Allegro molto) reaparecendo no segundo (Largo) e no terceiro (Scherzo); o Finale (Allegro com fuoco) começa com uma marcha derivada do Largo, que contribui ainda com o seu tema principal, o mesmo ocorrendo com o Scherzo; acordes utilizados na introdução do segundo movimento fecham o arco na conclusão da obra.

A Sinfonia do Novo Mundo atingiu grande notoriedade e o tema do Largo recebeu uma letra, tornando-se a canção popular “Going home”. Chegou literalmente até a lua, para onde foi levada por Neil Armstrong durante a missão Apollo 11 em 1969.

Após a composição dessa sinfonia Dvořák foi apontado como criador de uma escola norte-americana de composição, ideia contestada por muitos, entre os quais o maestro Leonard Bernstein que afirmou ser esta “uma obra verdadeiramente multinacional em suas fundações”.

 

Lenita W. M. Nogueira

 

 

 

 

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