Um pouco de Hector Berlioz

Hector Berlioz (Côte Saint-André, 1803-Paris, 1869)

Sinfonia Fantástica, op. 14

Com o subtítulo Episódio da vida de um artista, esta sinfonia teria sido elaborada após o compositor ter assistido, em dezembro de 1827, a uma representação de Hamlet de Shakespeare. O que encantou o compositor não foi a peça propriamente dita, mas sim a atriz Harriet Smithson, por quem Berlioz ficou perdido de amores. Dias depois retornou ao teatro para assistir outra representação de Shakespeare, Romeu e Julieta, com a mesma atriz. Impressionado escreveu a um amigo: “Lá pelo terceiro ato eu respirava com dificuldade – como se uma mão de ferro apertasse meu coração – Eu sabia que estava perdido”.

Suas tentativas de abordar a atriz foram, de início, frustradas. Cerca de três anos depois pensou em utilizar esta paixão como pano de fundo para uma sinfonia programática, sendo ele próprio o jovem músico e Smithson a amada inatingível.

A obra sofreu diversas influências: as literárias incluíam textos como Fausto de Goethe e Confissões de um comedor de ópio, de De Quincey. Entre as musicais pode-se notar a presença das sinfonias de Beethoven, por quem Berlioz tinha grande admiração. Acredita-se que foi a partir da Sexta Sinfonia de Beethoven, a Pastoral, que Berlioz teve a idéia de dar títulos e descrições aos cinco movimentos de sua sinfonia.

O programa da Sinfonia Fantástica entregue ao público na estréia em Paris, 1830, conta a saga de um jovem artista apaixonado através de uma série de fatos reais e imaginários, ligados por um artifício criado por Berlioz, conhecido como “idéia fixa” (idée fixe), um motivo musical associado com a figura da amada, que vai sendo retrabalhado obsessivamente no decorrer da sinfonia, aparecendo com os mais diversos caracteres como ternura, raiva e de forma grotesca.

A sinfonia se inicia no momento em que o jovem músico, consumido pelo ópio, cai em sono profundo durante o qual tem sonhos que se alternam com pesadelos terríveis, nos quais a figura da amada é sempre recorrente. Conforme escreveu Berlioz no programa “a passagem do estado de sonho melancólico, interrompido por alguns momentos de alegria, seu retorno à ternura, suas lágrimas, suas consolações religiosas”. No segundo movimento o herói está em um baile, no qual sua amada aparece em meio a uma música agitada. Não fica claro se é a cena real ou fruto da imaginação do jovem.
O movimento seguinte é uma cena campestre, onde o jovem reflete sobre sua situação, iniciando com tranqüilidade, mas transformando-se, até chegar a um grande desespero. Nesta cena um casal de pastores ao longe toca melodias para chamar as vacas, mas em determinado momento um deles para de tocar, refletindo a solidão do artista.

Mais uma dose de ópio e o deprimido artista entra “em um sono acompanhado das visões mais horríveis”. Em seu delírio ele acredita ter matado a amada, sendo por isso condenado e levado ao cadafalso, mas é testemunha da sua própria execução”. Segue-se a “Marcha da Decapitação”, considerada uma das peças mais macabras do repertório sinfônico. Ao final deste trecho a idéia fixa reaparece como uma visão da morte, mas é silenciada pelo golpe fatal do carrasco.

No próximo movimento, Sabá das Bruxas, o jovem músico “vê a si próprio em um sabá, no meio de um horripilante grupo de fantasmas, feiticeiras, monstros de toda espécie, que vêm para seu funeral”. Agora a melodia associada com a amada aparece de forma grotesca e paródica. Ouvem-se os sinos da morte e há uma citação satírica do Dies Irae (canto associado ao Dia do Julgamento nos ritos funerários), que se mistura com a dança da orgia selvagem e diabólica.

A Sinfonia Fantástica causou escândalo e chocou grande parte do público naquele ano de 1830, pois quebrava diversos parâmetros da composição sinfônica, começando pela idéia totalmente inédita de uma sinfonia autobiográfica. Apesar disso, foi uma das mais importantes composições da primeira metade do século XX e exerceu grande influência sobre a geração de compositores posteriores.

Concluindo a história da dupla Berlioz-Smithson, dois anos depois desta tresloucada demonstração de paixão, o compositor finalmente conseguiu a atenção da atriz e casaram-se no ano seguinte. Paixões devastadoras à parte, a união não foi nem um pouco fantástica e após aventuras extraconjugais e muitos litros de bebida, o casal separou-se definitivamente em 1854.

Lenita W. M. Nogueira

O Notas Musicais pesquisou e mostra a jovem atriz que influenciou Berlioz á sua  criação de “Sinfonia Fantástica.
(fonte – Wikipédia)

Henrietta Constance "Harriet" Smithson (Ennis, 1800 - Paris, 3 de março de 1854) foi uma atriz irlandesa que atuava em Paris, em peças de Shakespeare. Tornou-se conhecida não por seu talento como atriz, mas por ter sido a grande paixão do compositor Hector Berlioz, a fonte inspiradora para a obra Sinfonia Fantástica e sua primeira esposa.
Berlioz a conheceu em 1827, durante uma apresentação de Hamlet, em que ela atuava como Ofélia. A paixão foi imediata. Esse idílio durou seis anos, sem ser correspondido. Em 1833, finalmente ela se rende aos galanteios dele e se casam. Em 1834, Louis Berlioz nasce, fruto deste amor.
Após muitos conflitos e desencontros, eles se separam em 1840. Em 3 de março de 1854 ela morre de ataque cardíaco, após longo sofrimento causado por ataques de apoplexia que sofreu em 1848 e a deixou paralítica.

Louis, filho de ambos, tornou-se marinheiro. Como comandante de uma embarcação, morre de febre amarela durante uma viagem em Havana, em 5 de junho 1867, aos 33 anos de idade.
 

Sinfônica de Campinas se apresenta com Yang Liu.

Maestro, Coro e Solistas.

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