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Um pouco de Johannes Brahms
Johannes Brahms (Hamburgo, 1833–Viena, 1897) Nänie, Op.82 Esta peça, que estreou em Zurique em dezembro de 1881, é baseada no poema Auch das Schöne muss sterben (A Beleza também deve morrer) de Friedrich Schiller (1759-1805). É uma homenagem ao pintor alemão Anselm Feuerbach, amigo de Brahms falecido em 1880. A emoção e o sentimento de perda são reforçados pelo texto que lamenta a fragilidade de todas as coisas belas e de como elas têm que se submeter à morte implacável O poema de Schiller reporta à Grécia Antiga e comenta, sem citar nomes, as mortes de Eurídice (que não consegue voltar à vida), de Adônis e Aquiles. Fazendo alusões a estas figuras, o poeta cria uma alegoria sobre “o desaparecimento da Beleza, a morte da perfeição”. Nänie se abre com uma citação da Sonata para Piano, op. 81ª, Les Adieux, de Beethoven, com a progressão cordal um pouco alterada. Uma seção na qual predomina o oboé abre caminho para a entrada do coro. A candura da música cresce assim que Adonis é citado, momento em que Brahms adiciona uma harpa. Um crescimento na dinâmica acentuada pelo acompanhamento nas cordas anuncia a chegada de Aquiles no último verso da primeira seção. A parte central começa sem metais e desenrola-se um dos mais pungentes momentos da peça Siehe, da weinen die Götter (Veja, os deuses estão chorando). Na repetição deste tema Brahms usa novamente o artifício de introduzir a harpa. Um retorno ao tema da introdução antes do último verso começa com solo de sopranos, embora agora a imitação ocorra somente nos baixos e não em todas as vozes, como no inicio. Indicando que não via a morte como protagonista do poema, no final Brahms optou por não repetir a linha final de Schiller, Denn das Gemeine geht klanglos zum Orkus hinab (O comum vai silenciosamente para o submundo), mas a penúltima linha, Auch ein Klaglied zu sein im Mund der Geliebten ist herrlich (Um lamento no lábio da pessoa amada é glorioso).
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