COMPOSITORES, VIDAS E OBRAS

No concerto de15 e 16 de novembro a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresenta obras de compositores do século XIX. A. Borodin – Danças Polovitsianas, Bedrich Smetana - Vltava (O Rio Moldau),  Johannes Brahms - Sinfonia nº 2. A regência é do maestro da Orquestra Nacional de Cuba, Enrique Pérez Mesa.


Sinfônica de Campinas

Sinfônica sob regência de Pérez Mesa mostra obras de compositores do século XIX

A Sinfônica de Campinas sob a regência de Enrique Pérez Mesa apresenta no último concerto de novembro programa com obras de compositores do século XIX. Do compositor russo A. Borodin, Danças Polivitsianas, do tcheco B. Smetana, Vltava e do alemão J. Brahms, Sinfonia nº2.  

De Borodin, que se interessava também por química será apresentado sua obra mais importante: Danças Polivitsianas da ópera Príncepe Igor. Trabalhou nela por 18 anos até sua morte, deixando-a incompleta,terminada por Nikolai Rimsky-Korsalov e Aleksandr Glazunov em 1890. Vítima da cólera, morreu em 1887, de insuficiência cardíaca, durante um baile de máscaras na Academia de Medicina de São Petwersburgo.
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A composição do tcheco Smetana é uma obra prima ao Rio Moldau, Vltava, que evoca o percursso deste rio desde sua nascente na floresta. Smetana é, juntamente com Beethoven e Fauré, um dos compositores que escreveram música em total surdez. Viveu 10 anos na mais completamente surdo, compondo ainda muita música, tal como o poema sinfónico “Minha Pátria”

E de Brhams com o propriamente disse, a Sinfonia n°2,  “poderia ter sido escrita expressamente para um par de recém-casados”, apesar de ter permanecido solteiro.  A obra brahmsiniana representa a fusão da expressividade romântica com a preocupação formal clássica. Em uma época onde a vanguarda estava com a música programática de Liszt e o cromatismo wagneriano, Brahms compôs música pura e diatônica, e ainda assim conseguiu impor-se. Talvez este seja um de seus maiores méritos.

O Notas Musicais, como sempre traz para seus leitores internautas, informações sobre os autores e suas obras, com texto da professora Lenita Nogueira, para que não só o público da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas tenha mais conhecimento sobre as obras que serão apresentadas, mas também para que o apreciador de música de orquestra tenha antecipadamente dados sobre cada obra, autor e maestro antes mesmo de sair de casa, uma vez que a Sinfônica oferece aos presentes o programa como informativo sobre o concerto como um todo, inclusive o elenco presente.

Os autores

JOSÉ ALEXANDER BORODIN (São Petersburgo, 1833-1887)

Danças Polovtsianas

Nesta obra trabalha com um esquema de tonalidades típico do estilo russo, com utilização de movimentos por meio-tom ou trítonos, resultando em temas melodiosos e textura orquestral transparente.

Entre suas obras mais importantes podemos citar seus dois quartetos de cordas, a Sinfonia n° 2 em Si menor e Nas Estepes da Ásia Central - um esboço sinfônico (1860), na qual descreve o encontro no deserto entre uma caravana russa e um grupo de turquestões, cruzando habilmente melodias folclóricas dos dois países.

No campo operístico Borodin se destaca pela ópera Príncipe Igor, da qual fazem parte as Danças Polovtsianas. O enredo da ópera é baseado em um épico russo e conta a história do príncipe Igor Svjatoslavich, que em 1185 lutou contra a invasão dos polovtsianos, tribos nômades oriundas provavelmente da Turquia.
Na ópera estas danças são apresentadas no final do segundo ato, com intervenção do coro, que é omitido na versão orquestral. 

Na cena em que aparecem as Danças Polovtsianas, o líder polovtsiano Kontchak, que havia aprisionado o príncipe Igor, tenta tratá-lo gentilmente e para entretê-lo ordena a seus jovens escravos que dancem para Igor. Formadas por vários episódios, as Danças Polovtsianas tem cinco partes: Dança das Jovens, Dança dos Homens, Dança Coletiva, Dança dos Rapazes e no final é retomada a Dança dos Homens, que se intensifica até o limite das possibilidades físicas.

Borodin faleceu antes de concluir e a obra, que foi completada e editada por Nicolai Rimsky-Korsakov e Alexander Glazunov, estreando em São Petersburgo em 1890. Em 1909 Sergey Diaghlev, o famoso diretor dos Balés Russos, montou uma versão desta obra para balé em Paris com grande sucesso.


BEDRICH SMETANA (1824-1884)

A terra natal de Smetana, a Boêmia, atualmente na República Tcheca, no século XIX era uma possessão da coroa austríaca e tinha o alemão como língua oficial. No campo musical, havia grande interesse em promover o canto em vernáculo e Smetana escreveu oito óperas na sua língua natal, criando um estilo nacional com melodias folclóricas e ritmos de dança, evitando as convenções da ópera italiana e alemã. Adepto do movimento anti-austríaco, sua música tornou-se um dos símbolos do orgulho nacional tcheco.

Em 1856, sentindo perseguido e desencantado (havia perdido em curto espaço de tempo três de seus quatro filhos e a esposa), mudou-se para a Suécia, onde assumiu a direção da Sociedade Filarmônica de Gothenburg. Durante este período foi a Weimar para se encontrar com Franz Liszt, que o apoiava há algum tempo. Este o convenceu das virtudes do poema sinfônico como meio de descrição musical e Smetana começou a se interessar pelo gênero.

Em 1866, já de volta à Praga, foi nomeado regente do Teatro Provisional, cargo que abandonou em 1874, devido à perda da audição. Como Beethoven, teve energias para continuar a compor e lembrando-se das recomendações de Liszt, concluiu sua obra mais conhecida Má vlast (Minha Pátria), um ciclo de seis poemas sinfônicos nos quais descreve vários aspectos da Boêmia. Embora agregadas em uma única obra, cada peça é independente e baseada em um programa claramente delimitado. 

Entre 1874 e 1875 Smetana completou as quatro primeiras peças do ciclo, sendo a segunda delas a mais conhecida, Vitava (O rio Moldau), que descreve o percurso do rio Moldau, desde o seu nascimento na floresta até sua passagem por Praga, onde se junta com o rio Elbe. Dentro deste contexto a obra é construída a partir de melodias folclóricas e onomatopéias musicais.

Em uma carta enviada ao editor F. A. Urbánek, Smetana apresenta os programas de Má vlast. Sobre Vitava diz o seguinte: “A composição descreve o curso do rio, desde o seu começo onde dois riachos – um gelado, o outro quente – se juntam para formar o rio, correndo através de florestas e prados e um belo campo, onde muitas festas alegres são celebradas; jatos de água dançam à luz da lua; próximo dali o contorno dos rochedos lembra um castelo em ruínas, orgulhosamente pairando no céu. O Moldau serpenteia até as correntezas de São José e flui em uma grande torrente até Praga. Passa por Vysehrad e desaparece majestaticamente na distância, até se juntar ao Elbe.”

JOHANNES BRAHMS (Hamburgo, 1833-Viena, 1897)

Sinfonia n° 2

Enquanto compunha sua segunda sinfonia, escreveu ao seu editor: “A nova sinfonia é tão melancólica, que você não a suportará. Eu nunca escrevi nada tão triste e lamentoso. A partitura deveria ser publicada com uma borda negra.” Mas era apenas uma manifestação do espírito irônico do compositor, pois a sinfonia, também conhecida como “Pastoral” ou “Vienense”, é luminosa e alegre e logo caiu nas graças do público de Viena, onde estreou em 1877.

Brahms só terminou sua primeira sinfonia em 1876, aos 43 anos. Sentia o peso da tradição de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert e Schumann, e desejava atingir a plenitude como compositor antes de escrever uma sinfonia. Mas quando a Sinfonia nº 1 foi saudada como a “Décima” de Beethoven, perdeu o receio e em menos de um ano já tinha concluído a segunda. Entretanto, não existem duas peças mais contrastantes: a primeira, resultado de quase duas décadas de reflexão, e a segunda, leve e ensolarada, escrita rapidamente durante férias de verão em Pörtschach, cidade de veraneio nos Alpes austríacos.

Se a Sinfonia n° 1 havia estreado com uma orquestra pouco relevante, a segunda teve sua première pela Orquestra Filarmônica de Viena, sob a regência do conceituado regente e pianista Hans Richter. A platéia ovacionou a obra e exigiu a reapresentação do terceiro movimento.

A sinfonia começa com um Allegro non troppo, apresentando um motivo de três notas nas cordas graves, repetido nas madeiras, abrindo caminho para a entrada das cordas e na sequência de toda a orquestra. O segundo tema, no estilo de uma valsa lenta, é apresentado por violas e violoncelos. O segundo movimento, Adagio non troppo, tem um tema apresentado pelos violoncelos na região média, acompanhado pelas madeiras. O segundo tema é mais longo e é considerado um dos mais belos escritos por Brahms, que trabalha harmonias e cores tonais com maestria. No terceiro movimento, ao contrário de seus antecessores, como Haydn ou Beethoven, que escreviam minuetos ou scherzos, o compositor optou por um Allegretto grazioso, no qual o oboé introduz um tema pastoral, que é alternado com uma seção mais rápida. O último movimento, Allegro com spirito, com seus temas ricamente elaborados, conclui a sinfonia com grandes contrastes e muita energia.

Em correspondência a Clara Schumann, Brahms disse que a sinfonia “poderia ter sido escrita expressamente para um par de recém-casados”. Informava que o público vienense havia adorado a sinfonia e que isso era lógico, afinal escrevera dois dos quatro movimentos da sinfonia em tempo de valsa. E acrescenta: “como os vienenses poderiam não apreciar uma sinfonia que se pode dançar?”

Lenita W. M. Nogueira

 

 

Maestro Cubano se apresenta com a OSMC

Regente Enrique Pérez Mesa

Concurso na Sinfônica de Campinas

Sons de Bhrams, Smetana e Borodin